Corrupção e desvio de dinheiro público: onde está o Tiradentes de hoje?

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consultoria vsd

Em tempos de desordem geral na política e na ética nacional, que já começa a respingar  em autoridades de Santa Catarina com as delações premiadas da operação Lava Jato, a maior  investigação sobre corrupção na política envolvendo a empreiteira Odebrecht,  a pergunta é: onde está o Tiradentes dos dias atuais? Hoje, dia 21, feriado nacional, é possível que um grande número de brasileiros, mesmo tendo aprendido nos bancos escolares quem foi Joaquim José da Silva Xavier, e porque no ano de 1792 ele foi morto e enforcado em praça pública, não lembre os motivos que o fizeram entrar para a história.

Entretanto, Tiradentes foi um mártir da Inconfidência Mineira, que buscou, até o dia da sua morte, a independência do Brasil Colônia do Império Português. Naquela época, o povo vivia oprimido, muito semelhante com os dias de hoje, em que a maioria dos brasileiros sofre com o caos político e econômico que o País mergulhou.

No centro desse cenário atual, dois partidos políticos: Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que em seus diretórios municipais são representados por Sidinei Mesnerovicz, o Sidão, e Carlos Colatto, respectivamente, e que traçam um paralelo dos dois momentos do Brasil.

Em um resgate recente da história, Sidão cita que em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente, o poder aquisitivo das pessoas era baixo e o País apresentava índice de desemprego alto. “Hoje, se for perguntar para as pessoas em quem elas ainda põe fé, cerca de 35% ainda lembra  do Lula como uma das grandes figuras que poderia tirar o Brasil dessa situação que se encontra hoje”.

Sidão considera  que “o salvador da pátria” não seria uma única pessoa, mas que a mudança dependeria de uma questão cultural, e precisaria, através da educação, haver uma traformação. “Muitos  atribuem como sendo o protagonista da história a pessoa do presidente, mas se for analisar, não é somente o presidente que detem o poder, hoje, passa pelas instituições, os poderes legislativo, executivo, judiciário e o poder da própria mídia”.

Sobre as investigações que envolvem o nome do ex-presidente Lula, Sidão avalia que até o momento nada foi provado contra ele, e que assim como na história, muitos foram os que sofreram injustiças e que entraram para a história. “Nesse momento, pode estar acontecendo isso com o Lula, mas em 2018, quando ocorrerão novas eleições para presidente do Brasil, ele poderá ser uma nova esperança, o partido tem essa esperança e ele é o maior lider interno do PT, além disso, no Brasil, vejo que ele também é um dos maiores lideres”.

Colatto lembra que na época de Tiradentes, o movimento era separatista e, hoje, o Brasil vive um momento político, econômico e social. “Naquele tempo, o ouro do Brasil era levado para a coroa portuguesa e, hoje, o dinheiro é levado por alguns malandros da política. E, na comparação das duas época, a questão dos altos tributo pago pelo povo é uma grande semelhança”.

A saída, para Colatto, também seria o investimento na educação. “Precisamos educar nossos filhos e netos para que eles tenham um pensamento diferenciado. O povo hoje, mesmo com todas essas turbulências de prisões, de Lava Jato e a mídia divulgando tudo isso, mesmo assim, você percebe que muitos ainda tentam roubar o dinheiro público, e isso é um grande problema, é cultural, por isso precisamos educar o nosso povo”.

Colatto acredita que a Lava Jato será um divisor de águas, e que existem políticos que irão se salvar, por serem bons políticos.  “Vão sobrar poucos políticos, mas vão sobrar, e dali por diante vamos depender do povo, que precisa mudar seu pensamento,  porque nada adianta fazer uma limpa nos maus políticos se o povo, na hora das eleições,  quer ser comprado. Muitos ficam esperando chegar a política para ganhar alguma coisa”.

Sobre o juiz Sérgio Moro, Colatto considera que é uma pessoa muito bem preparado e uma liderança nova na justiça do Brasil. “Acredito que ele está muito preparado e espero que ele conduza os trabalhos até o fim do processo, mas que nesse fim se tenha um resultado positivo, que já estamos tendo, e que os verdadeiros culpados sejam pegos”.

Para Colatto, Moro já entrou para a história brasileira. “Não é qualquer um que consegue colocar tanta gente poderosa na cadeia e, talvez, pudéssemos dizer que ele é o Joaquim José da Silva Xavier do momento, mas espero que não seja nem enforcado ou esquartejado como foi Tiradentes”.