Escola desafia alunos com 50 tarefas do jogo “Integração Azul”

0
2969
consultoria vsd

 

Xanxerê- Logo na entrada da escola, em uma das paredes do corredor de acesso às salas de aula, um painel com 50 tarefas do jogo Integração Azul, desafia crianças e adolescentes do Colégio Integração.  São 50 ações do dia a dia de qualquer pessoa, que vão desde lembrar da importância de ajudar os pais nas funções mais simples da casa, até mesmo dizer um “eu te amo”. De forma criativa e divertida, professoras e direção conseguiram tocar no assunto, o jogo Baleia Azul, que tem tirado a vida de muitos adolescentes e, cada vez mais, ganha espaço nos noticiários nacionais.

Sobre o jogo Baleia Azul, a psicóloga Karine Ferronato Pretto lembra que surgiu como uma notícia falsa divulgada na Rússia. Sendo assim, segundo ela, torna-se possível notar através de outras informações falsas que se espalharam com facilidade nas redes sociais, que as repercussões são maiores quanto mais apelativas forem para crenças, emoções e principalmente medos individuais. “Posso afirmar que o risco é atrativo ao ser humano, não apenas aos adolescentes, bem como o suicídio também é, e atinge marcas superiores a 12 mil casos por ano no Brasil”, considera.

Karine ressalta que o “Desafio” vem para lembrar que a morte de crianças e jovens não se restringe a um padrão socioeconômico. “Indivíduos que vivem em locais com menor presença do poder público e com maior violência têm no cotidiano situações de risco e morte. Porém, o “Baleia Azul” ultrapassou os bolsões de pobreza e atinge jovens que acreditava-se estarem mais protegidos”.

Conforme a psicóloga, para ter uma visão ampliada, é  possível comparar o “Baleia Azul” com a preocupação européia quanto ao recrutamento de seus jovens pelo Estado Islâmico. “O que costuma gerar curiosidade são os motivos que levam estes europeus optarem a viver em situação de risco e morte”.

Karine considera que os adolescentes demonstram estarem buscando fazer parte de algo que ofereça sentido a sua existência, uma causa ou grupo, algo que os tornem pertencentes de um fato histórico ou de heroísmo. “Desta forma, o desafio da Baleia Azul só passou a existir em decorrência da atração pelo que produz risco e, amplamente divulgado, formou campo propício para que jovens encontrassem a sensação de pertencerem a algo importante que, ao mesmo tempo, flerta com a morte”, diz.

Sobre as formas de reação contrárias a expansão do desafio da Baleia Azul, por mais assustador que seja, a realidade é que mesmo eliminando o jogo permanecem os motivos que fizeram este desafio surgir e ter vítimas.  “A adolescência é um momento em que o indivíduo passa a buscar formas de se libertar da condição subordinativa de ser filho. O adolescente passa a ser interiormente cobrado a se desvincular das características familiares para obter identidades próprias. Nesse contexto processos depressivos podem ser estabelecidos com maior facilidade”.

A especialista pondera que o que acontece durante a vida do adolescente, desde o seu nascimento, é resultado de construções feitas pelos vínculos, principalmente familiares. “O grande risco está nos filhos que recebem dos pais tratamentos extremos negligentes, autoritários ou infantilizantes.  Estes são os adolescentes que estarão propensos às ações de risco, buscando fazerem parte de algo que os identifique, facilitados pelos processos depressivos decorrentes da falta de identidade e da sensação de não pertencimento”, finaliza.