consultoria vsd

Xanxerê- Um grupo de 16 mulheres está unido com o firme propósito de confeccionar peças em artesanato e, assim, pôr em prática o sonho de alguém que já não está mais aqui. Hilda Seraglio, que há oito meses morreu após lutar contra um câncer, idealizou a criação da equipe que hoje se chama “Amigas do Bem”. Elas não possuem vínculo com nenhuma entidade e toda a renda do que for produzido, posteriormente, será destinado para alguém que necessite.

A amiga Ana Maria Covatti foi provocada por Hilda várias vezes: “Você vai fazer! Você está encarregada de organizar!”. Hilda fazia constates cobranças a Ana, sobre a criação do grupo, quando já se encontrava com várias complicações da doença.  A amiga sempre afirmava que esperaria sua melhora para o início dos trabalhos, mas como não foi possível, no final do último ano, em homenagem à Hilda, aconteceu a primeira reunião e, neste ano, o início dos trabalhos.

Renata Seraglio, filha de Hilda e membro do grupo, explica que é uma alegria saber que a vontade da mãe, que se inspirou em um grupo criado por uma prima do seu marido, no município de Erechim, está sendo posto em prática. “Oito ou nove meses antes dela falecer ela já havia comprado várias coisas, materiais, que seriam destinados para o grupo”, conta Renata.

Hilda era formada em Artes Plástica, apaixonada por artesanato e como não era segredo o seu sonho, após sua morte, Renata doou todo o material que Hilda tinha em casa, como a máquina de costura, ferro de passar roupa, todas as linhas, tecidos e demais materiais, para que fizessem parte do estoque das “Amigas do Bem”. “Eu fico muito feliz que elas conseguiram tirar do papel o sonho da minha mãe e eu tenho certeza que cada vez que elas se reúnem ela está aqui também, feliz da vida porque o grupo se tornou realidade”.

Reunidas em um espaço cedido pela família Marció, junto ao próprio supermercado, Ana coordena as atividades, que são desempenhadas conforme o conhecimento e aptidão de cada membro.  Todas já faziam parte do grupo de mulheres que atuava na Rede Feminina e como agora a ideia da entidade é não fazer mais a venda de artesanato, elas foram aproveitadas no novo grupo. “Quem sabe costurar, costura; quem sabe fazer crochê, faz o crochê; quem sabe bordar, borda, e assim vamos dividindo as funções, porque não há tempo para ensinar o trabalho”, argumenta Ana.

Sobre o interesse de novas integrantes, como ainda estão se acostumando com a rotina semanal das atividades, desenvolvida todas as segundas-feiras à tarde, inicialmente é impossível ampliar o número de integrantes.

Conforme o cronograma, elas devem produzir diversas peças até novembro para então fazer um bazar e o lucro ser direcionar para alguma entidade. Cada mês elas devem executar um número estipulado de peças, sendo divididos em panos de prato, aventais, toalhas de rosto, lixeiras para carro e outras. “Eu até me emociono, porque todo mundo pegou junto, todas com a mesma vontade e eu acredito que ela [Hilda] está aqui, porque ela queria muito”, diz Ana.

A forma encontrada para arrecadar material é através das comemorações das aniversariantes do mês, que recebem o valor de R$30,00 de cada integrante, e que são doados para o grupo para que possam ter um caixa para a compra do que é necessário na confecção das peças. “Além do bolo, para a comemoração, o dinheiro é dado para a aniversariante, que doa para o grupo”.

A aposentada Edi Winckler De Bettio, que diz saber um pouco de qualquer área do artesanato, se diz feliz em participar, por acreditar que ela mais ganha do que doa em atividades voluntárias.  “São coisas que a gente gosta de fazer e ainda ajuda alguém, então, levo para casa, pesquiso e já estou com o WhatsApp cheio de ideias para fazer”.