Maduro fecha fronteira com Brasil e impede a chegada da ajuda humanitária

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consultoria vsd

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou nesta quinta-feira (21) o fechamento da fronteira de seu país com o norte do Brasil, impedindo a chegada de ajuda humanitária enviada por países que não o reconhecem mais como presidente, entre eles os EUA e o Brasil.

Maduro disse que a Venezuela fechará sua fronteira com o Brasil esta noite, a partir das 20 horas, pela hora local — 21 horas em Brasília. “A partir das 20h de hoje, quinta-feira, 21 de fevereiro, fica fechada total e absolutamente, até novo aviso, a fronteira com o Brasil”, afirmou o líder chavista em fala exibida no canal estatal VTV. “Vale mais prevenir do que lamentar.”

A operação de ajuda humanitária na divisa, tanto brasileira como colombiana, está prevista para começar no sábado, 23 de fevereiro, com alimentos e remédios.

A medida foi anunciada um dia depois que a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, anunciou o fechamento da fronteira aérea e marítima com as Antilhas Holandesas e afirmou que Caracas colocou “sob revisão” as relações com esses países. Colômbia, Brasil e Curaçao acumularam toneladas de ajuda humanitária enviadas para a Venezuela, que está passando por uma profunda crise econômica com escassez de alimentos e remédios que levou pelo menos três milhões de venezuelanos a emigrarem, segundo dados da ONU. Maduro se opõe à entrada da ajuda humanitária, que ele descreveu como “uma armadilha”, com o argumento de que é uma estratégia dos Estados Unidos e aliados para violar a soberania da Venezuela.

O principal ponto de entrada da ajuda, no plano da oposição, é pela Colômbia. Guaidó viajou nesta quinta-feira em direção à fronteira de seu país com a divisa colombiana para comandar o operação de ajuda, marcada para o sábado. O presidente interino se juntará a uma caravana de ônibus com centenas de pessoas e até um show na cidade de Cúcuta, a principal da fronteira, está marcado em apoio à resistência a Maduro.

Na fronteira com o Brasil, mais precisamente no Estado de Roraima, também haverá movimentação. O Governo brasileiro confirmou que vai disponibilizar medicamentos e alimentos com recursos próprios para a população da Venezuela, que também aumentou a migração para o Brasil. Entre 2017 e 2018, o Brasil recebeu 111.000 venezuelanos. De acordo com o Governo federal, entram por hora no país 33 venezuelanos, em média. Aproximadamente, 800 por dia.

Posição do Brasil

Apesar da decisão do regime venezuelano, o governo brasileiro anunciou que os planos da gestão seguem os mesmos: comida e remédios seguirão estocados em Boa Vista e em Pacaraima, em Roraima, à espera de que venezuelanos ligados a Juan Guaidó, presidente interino e reconhecido por mais de uma centena de países, possam levá-los aos compatriotas.

“A região de Pacaraima se encontra em total estado de normalidade. A questão de segurança na faixa de fronteira é a normal. Nós não mudamos absolutamente nenhum dos padrões de comportamento com as nossas tropas”, disse o porta-voz do Planalto, general Otávio Santana do Rêgo Barros.

Segundo Rêgo Barros, tanto o chanceler Ernesto Araújo como o vice-presidente Hamilton Mourão viajarão na próxima segunda-feira a Bogotá para a reunião de emergência do Grupo de Lima para discutir a situação na Venezuela.