“Com o positivo de gravidez, descobri que estava com câncer”, relata Vitoriosa

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Nos últimos anos, a palavra “câncer” deixa diversas mulheres sem chão quando ouvem dos médicos o diagnóstico. Depois do momento de tristeza, elas precisam buscar forças até no que não é possível para seguir um tratamento que deixa marcas no corpo e na alma. Essa batalha diária de quem passa pela doença, tem ficado mais leve com a colaboração da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Xanxerê que atua em atividades específicas do tratamento, mas também com atendimento psicológico e terapia ocupacional como forma de levantar a autoestima dessas mulheres. São diversos os tipos da doença e a Rede Feminina conta histórias da batalha das Vitoriosas de encarar o câncer de frente e seguir a diante com muito brilho no olhar.

Lizandra da Silva, 31 anos, estava tentando engravidar quando decidiu fazer um teste para verificar se esse sonho havia se tornado realidade. O resultado veio positivo e ela e o esposo ficaram muito felizes com a novidade. Como toda nova gestante, Lizandra marcou a primeira consulta do pré-natal e ao realizar o ultrassom, ouviu do médico algo que preferia que não fosse verdade: “O médico nos disse que o exame acusou que eu estava grávida, mas que na verdade era um câncer se formando no útero. Ele se apresentava como um corpo estranho, por isso o exame aprontou gravidez”.

A Vitoriosa tinha 25 anos quando descobriu o câncer de colo de útero e já começou a fazer quimioterapia para ver se o tumor diminuía de tamanho para depois fazer a cirurgia. Foram 19 sessões de quimioterapia, duas por semana. “A primeira impressão que a gente tem quando falam que você tem um câncer é que você vai morrer. Me lembro como se fosse hoje quando eu fui fazer o ultrassom e que eu descobri. É desesperador, parece que não existe solução, cirurgia, tratamento… que não tem nada que resolva”, conta.

Depois das sessões de quimioterapia, foi realizada uma histerectomia total, na qual Lizandra da Silva teve que retirar todo o útero com 26 anos. Ela já tinha uma filha, mas construiu uma nova família e tinha como sonho ter mais filhos. A Vitoriosa diz que mesmo depois de seis anos da primeiro cirurgia ainda sente não poder ter mais filhos, mas que era a única opção que ela tinha. Ela focou em que faria a cirurgia e ficaria totalmente curada, o que ajudou a se manter bem. Porém, não foi isso que aconteceu.

Sem nenhum sintoma anormal, em uma consulta de acompanhamento, Lizandra descobriu que tinha tido uma metástase, quando o câncer inicial se espalha para outros locais do corpo. Como parte do tratamento, ela precisou fazer uma cirurgia no pulmão, outra na virilha, uma no ovário e a última no rim. Essa última foi relacionada a retirada de uma glândula drenal que continha 25 tumores. “Essa foi a cirurgia mais sofrida, porque foram 30 pontos. Agora estou somente fazendo acompanhamento. Eu e meu esposo pensamos em adotar uma criança, porque ele não tem filhos. Mas quero esperar, pelo menos, uns três ou quatro anos para ter certeza que estou bem. Hoje em dia, eu consigo viver um dia de cada vez, aprendi a viver com os limites. O que interessa é ter saúde, não ligo mais se tenho cabelo ou não, se sou gorda ou não. Eu buscava muito a perfeição, foi difícil acostumar de outra forma, perder o cabelo. Foi como acordar para a vida”, declara.

RFCC: “É a minha segunda casa”

O início na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Xanxerê foi assim que recebeu um convite de uma conhecida. Lizandra da Silva foi com receio, porque não conhecia ninguém e achava que poderia não gostar. Mas assim que começou a frequentar, percebeu que todos são tratados com igualdade. “É o lugar onde a gente se sente bem, porque vemos pessoas iguais a nós. Fui muito bem recebida e pra mim é uma segunda casa. Antes de fazer qualquer coisa, tenho meus compromissos na Rede Feminina”, explica.

A Vitoriosa também participou do ensaio fotográfico “Cicatrizes” e disse que aprendeu muito, porque não imaginava que ter uma cicatriz poderia ser um orgulho. Depois de todos os comentários positivos e dá repercussão percebeu que a vida continua e que o câncer não é o fim, mas o começo de uma nova vida. (Ascom RFCC/Larissa Damian Trevisan)