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Projeto piloto para controle e prevenção foi apresentado no último sábado, em Chapecó

O javali tornou-se um tormento para os produtores rurais de todo o Estado porque destrói as plantações e ameaça a vida das pessoas que trabalham na área rural. Atendendo apelo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), o governo do Estado regulamentou a caça, a captura e o abate desses animais em território barriga-verde. Para fazer o controle populacional e a prevenção desses animais na região Oeste, a Faesc, o Sindicato Rural de Chapecó e a Polícia Militar Ambiental (PMA) lançaram um projeto piloto no último sábado (14), na comunidade de Rodeio do Herval, no distrito de Marechal Bormann, em Chapecó. São parceiros da iniciativa a Cidasc, ICasa, Aurora Alimentos, Cooperalfa, Sindicarne, Epagri e Embrapa.

No encontro, os produtores rurais receberam orientações sobre como proceder com a presença de javalis. O presidente do Sindicato Rural de Chapecó, Ricardo Lunardi, apontou a importância da preocupação com o tema. “É uma questão recente, mas que não podemos ignorar. Sabemos que além do dano econômico nas propriedades, existe o risco sanitário e precisamos nos conscientizar e nos precavermos. Nossa intenção é esclarecer o que pode ser feito, em segurança, para minimizar os efeitos da presença do animal nas propriedades”, afirmou.

O comandante da PMA, coronel Adair Alexandre Pimentel, frisou que será realizado um mapeamento dos animais para que possa ser mensurada a quantidade de javalis na região e o controle dos mesmos.

Durante a reunião, foram destacadas as práticas adequadas para minimizar os danos da presença de javalis nas propriedades e de que maneira os produtores rurais devem proceder caso avistem animais. “Sempre que se ver um javali ou o dano provocado por ele, o produtor deve procurar o Sindicato, que orientará como fazer o registro. Os técnicos do ICasa serão os responsáveis pelo registro no site, que terá coordenadas geográficas e os profissionais da PMA, em parceria com a Aurora, vamos gerar um mapa mensal das ocorrências”, comentou.

A partir disso, a PMA fará a ponte entre o produtor e os controladores autorizados, para que possam ir até a propriedade e abater o javali. “São pessoas devidamente autorizadas que têm a permissão da PMA ou do Ibama, a autorização do Exército para transitar com a arma e possuem o aval para executar essa ação apenas naquela propriedade”, orientou Pimentel.

O comandante explicou, ainda, que os produtores também estão autorizados a utilizarem armadilhas, que têm um padrão específico e seguem protocolo de utilização. Nesse caso, o animal pode ser abatido pelo produtor, também com algumas regras. “Lembrando que o trânsito com a carcaça do animal é proibido, sob pena de autuação. Também não orientamos o consumo da carne. Se a família decidir fazê-lo, é por sua conta e risco. A orientação é que o animal seja enterrado na propriedade”, ressaltou.

Testes

A presidente da Cidasc, Luciane de Cássia Surdi, salientou a grande preocupação gerada pela presença dos javalis na região em relação à questão sanitária. De acordo com ela, a Cidasc tem um projeto, juntamente com a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no qual se colhe material dos javalis abatidos para pesquisa de possíveis doenças nesses animais. “Precisamos saber se existem doenças nesses animais e sanar o risco de disseminação. Considerando que Santa Catarina é um grande exportador de carne suína, temos que preservar a sanidade de todas as formas, controlando a população de javalis e também monitorando possíveis doenças”, alertou.

Luciane explicou que os controladores são treinados pela Cidasc e recebem kits com todo o material necessário para fazer a coleta das amostras, que são testadas posteriormente.

O presidente da associação de moradores da Linha Rodeio do Herval, Antônio Martini, comentou a importância da ação. “O pessoal tem visto com frequência os animais aqui na região, com um número significativo bem próximo das propriedades. A comunidade é uma região produtora, nossa maior preocupação é com os danos nas lavouras. Os produtores não sabem como agir e, por isso, foi muito importante essa explicação do que pode ser feito legalmente, minimizando o problema com o amparo da legalidade”, frisou.

Esses animais exóticos formam populações fora de seu sistema e representam ameaças ao meio ambiente, causam enormes prejuízos à economia, à biodiversidade e aos ecossistemas naturais. As perdas econômicas decorrentes das invasões biológicas nas culturas, pastagens e nas áreas de florestas são imensas.

Abrangência

O projeto para o controle dos javalis atenderá todos os municípios que fazem parte da área de atuação do Sindicato Rural: Chapecó, Caxambu do Sul, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Guatambu, Nova Itaberaba e Planalto Alegre. A apresentação da iniciativa percorrerá as comunidades dos municípios de abrangência. (MB Comunicação)