Empresas do oeste adotam medidas para preservação dos empregos

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consultoria vsd

Cem mil trabalhadores estão em suspensão temporária de contrato de trabalho ou com redução de jornada e salário

A região oeste catarinense é a menos impactada no Estado quanto à produção e as vendas no comparativo dos reflexos econômicos provocados pela pandemia da Covid-19. Esses resultados asseguram a manutenção ou medidas de proteção dos empregos adotadas pelas empresas.

Os dados integram a 3ª edição da pesquisa que apresenta os impactos da pandemia na economia do Estado. A iniciativa é do Sebrae/SC, da Fiesc e da Fecomércio. Para o levantamento foram ouvidos 527 empresários (pequenos negócios, médias e grandes empresas), de um universo de 136.640 empresas da região, entre os dias 4 e 6 de maio. A margem de erro é de 4,3% percentual para mais ou para menos.  

“Ao olhar o desempenho dos negócios há algumas considerações: a redução média do faturamento ou na produção nas indústrias é de 50% no oeste, enquanto que no Estado é de 55%; a redução média de vendas para o mercado externo é de 62% no oeste e 68% no Estado; a redução média das vendas internas é de 62% no oeste e de 67% no Estado; o montante de investimento caiu para 75% no oeste e 79% no Estado. Isso mostra que a região oeste é menos impactada do que o Estado no que diz respeito à produção e às vendas, o que significa uma sustentação para manutenção dos empregos ou adoção de medidas de proteção dos postos de trabalho”, analisa o diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro.

Em relação as medidas com impacto para o trabalhador se destacam que a suspensão temporária do contrato de trabalho foi adotada por 17,2% das empresas e 14,7% implantaram a redução proporcional da jornada de trabalho e salários na região oeste. “A boa notícia é que mais de 43 mil empresas fizeram alguma ação para manter os empregos, ou seja, 31,9% estão segurando os postos de trabalho. Ao analisar outras medidas adotadas conforme o porte tem-se indicadores semelhantes por grandes, médias e pequenas empresas, sendo 23,8%, 23,7% e 23,3% respectivamente, mas a redução proporcional de jornada e de salário é mais utilizada por grandes empresas na região, com 19%”, comenta o diretor.

De acordo com a pesquisa, mais de 65 mil trabalhadores no oeste estão em regime de suspensão temporária de contrato de trabalho e aproximadamente 35 mil tiveram sua jornada de trabalho e salário reduzidos. No comparativo estadual, os números se invertem, o menor número é suspensão temporária do contrato de trabalho com 408 mil trabalhadores e o maior é da redução proporcional de jornada e de salário com 462 mil funcionários. “Estima-se que o número de demissões ultrapasse a 81 mil na região, sendo 24.960 de grandes e médias empresas e 56.909 de pequenos negócios. Assim, mesmo com o afrouxamento das medidas de quarentena e reabertura dos negócios ocorridos na primeira quinzena de abril, o número de demissões segue aumentando, da ordem de 26,29%. Isso representa que foram 17.045 empregos perdidos apenas nos últimos 19 dias”, enfatiza Pinheiro.

O número de empresas que estão demitindo no oeste atinge 35,9%, enquanto que no Estado é de 41,4%. Mesmo com essa crescente, os valores ainda são inferiores no comparativo estadual. Na primeira medição 17,5% das empresas do oeste afirmaram que tinham realizado demissões, enquanto que no Estado o indicador foi de 19,48%. Na segunda medição, a diferença aumentou, no oeste foi de 26% enquanto que a média estadual foi de 34,35%.

Na análise do número de empregados depois da quarentena conforme o porte das empresas, o levantamento mostra que as demissões têm sido mais expressivas nas empresas de médio (57,6%) e pequeno porte (41,4%). Das grandes empresas na região oeste, 14,3% responderam que aumentaram o quadro de funcionários no período e 23,8% disseram que reduziram.

Em atividade

Conforme a pesquisa, 89,2% das empresas no oeste estão em atividade após as medidas de relaxamento da quarentena anunciadas pelo Governo Estadual. Porém, 39,1% com redução na produção, 20,1% com mudança no funcionamento, 10,4% ainda aguardam liberação e 0,6% fecharam as portas e não voltam a funcionar. “Na região, 30% das empresas operam sem nenhum tipo de mudança no funcionamento, enquanto que no Estado esse índice é de 23%. Os setores com limitações também são menores, cerca de 20% a menos do que a média estadual”, analisa o diretor técnico.

Atualmente, 14 mil empresas estão inoperantes no oeste, seja porque optaram em fechar as portas ou porque aguardam liberação. Os pequenos negócios seguem mais impactados pelas medidas da quarentena, com 78,3%, enquanto que as grandes empresas estão em pleno funcionamento. Ao analisar a forma de funcionamento por porte da empresa, observa-se que a média com 52,5% e a grande com 47,6% apresentam mais redução, seguidas dos MEIs, com 41,1%. Para Pinheiro o que chama atenção é que mais de 20% dos MEIs no momento estão fechados temporariamente aguardando liberação e 1,6% afirmaram que não voltarão a abrir. “A pandemia impactou diretamente os MEIs, ainda mais agora quando se analisa a retomada das atividades econômicas no Estado”, comenta Pinheiro.

Pela forma de funcionamento dos setores na região, o levantamento aponta que a indústria opera com mais redução na produção com 58%, enquanto que o comércio atua com mais flexibilização com 43,2% e os serviços apresentam o maior indicador de empresas fechadas temporariamente com 17,7%. No setor industrial, das 92,4% empresas operando, seis em cada dez mantêm a produção reduzida. Estima-se que a perda total de faturamento entre as empresas no oeste ultrapasse R$ 2,59 bilhões.

Referente ao acesso ao crédito, 57,3% dos empresários afirmaram que não procuraram empréstimo, 29,4% buscaram, mas não tomaram e 13,4% realizaram o financiamento. Isso representa que apenas um em cada três empresários que buscaram por esse tipo de capital tiveram sucesso. De acordo com Pinheiro, o crédito é mais acessível para as grandes e médias empresas, já os pequenos não tem tido êxito, pois dos que buscam, menos de um terço consegue o crédito.