Xanxerense surdo aguarda ansioso o resultado do Enem 2017

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Escola Acolhedora abril 2024

Xanxerê- O estudante xanxerense Eduardo Leão Graebim, de 19 anos de idade, aguarda com ansiedade o resultado do Enem 2017. Ele, que é surdo desde que nasceu, prematuro, com sete meses de vida, considera que teve, de forma geral, um bom desempenho nos dois dias de prova. Como já cursava psicologia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, resolveu realizar mais uma vez as provas lá, pois ainda sonha em ser médico. No início desta semana, retornará para Xanxerê, aonde mora com seus pais, no Bairro Colatto.

Para ele, a maior dificuldade do último domingo foi ter que desenvolver a redação e responder as questões de português num mesmo dia. E, neste domingo, foi ter que realizar também num mesmo dia, as provas de ciências naturais e matemática. “As duas provas juntas complicou um pouco, pois é só matemática e ficou cansativo, além do horário ser muito curto”.

Outro ponto que considera ter dificultado todo o processo, foi o fato da intérprete somente ter autorização para a tradução das provas, sem interpretação do conteúdo para Libras.  “Ela só pode traduzir, trazer o significado de uma palavra e não pode interpretar a perguntar em Libras”. Mas, como ele já conhecia a profissional que lhe auxiliou, considera que tudo transcorreu de forma tranquila.

O estudante avalia que o tema abordado na redação: “Desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil”, foi uma conquista para a comunidade surda. “Foi muito importante para divulgar sobre os surdos e problema na educação, que temos. Para nós, foi uma conquista o MEC querer que alunos do ensino médio mostrem soluções para esses problemas, mas fiquei sabendo de muita reclamação sobre o tema”.

Após ter trancado a faculdade no último ano, por problemas de saúde que foram totalmente resolvidos neste ano, independente do resultado do Enem, Eduardo pretende voltar para Santa Maria, para voltar a estudar na UFSM, no ano que vem, onde cursa o primeiro semestre de psicologia.

Enquanto isso, permanece frequentando a Apadavix, para aprimorar sua comunicação através das Libras. “Gosto de ir lá e gosto dos professores. Lá, aprendi mais Libras e posso me comunicar com outros surdos”.

Ao longo de sua vida estudantil, Eduardo fez o ensino fundamental no João Winckler, escola em que sua mãe é professora, e o ensino médio cursou no Costa e Silva. “Eu tinha a minha mãe como professora e ela cobrava muito a inclusão, principalmente em relação a mim. Mas foi bom estudar lá, os professores acabaram tendo a mesma preocupação da minha mãe. O ensino médio foi no Costa e Silva, lá foi ótimo, os professores também se preocupavam com a inclusão”.